terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Hotel California


Dirigia um conversível numa cena tipicamente Hollywoodiana. Cabelos ao vento, óculos escuros, cigarro na boca. Começou a escurecer e ao longe surgiu uma luz tênue. Decidiu parar para dormir. Uma placa em neom dizia “Hotel Califórnia".
Na porta estava uma bela mulher, num belo vestido e fumando um baseado. Descendo do carro ela abriu um sorriso (impossível para ele entender o que significava).  Entraram na recepção sem dizer uma palavra. Então ela passou para trás do balcão e sumiu. Após esperar ele tocou o sino e olhou em volta. Era um lugar aconchegante mas mesmo assim tinha algo ali que ele não conseguia entender bem o que era. Sua noite ali poderia ser uma noite no Céu ou uma noite no Inferno. Ela voltou acendendo um candelabro e indo em direção ao corredor guiando o pobre homem. Ao longo do corredor, haviam várias portas e a medida que ele passava por elas escutava vozes sussurrarem "Bem-vindo ao Hotel Califórnia, que lugar encantador, que rosto encantador. Vários quartos no Hotel Califórnia, qualquer época do ano, você pode nos encontrar aqui."
Pararam em frente a uma porta, a mulher abriu-a e deu-lhe a chave. Ele entrou, trancou-se e ficou pensando no que ocorrera no corredor. Decidiu sair para fumar e tomar um ar fresco.
O Hotel tinha uma varanda com várias mesas e ele ocupou uma delas. Acendeu o cigarro e observava o único grupo de pessoas que tinha ali. Eram em sete e mais jovens que ele. Bebiam e riam. Então ela parou na mesa deles, conversou um pouco e então se sentou com o homem. Começaram a conversar. Ela tinha uma voz encantadora. Estavam conversando sobre carros quando de repente os rapazes da outra mesa se levantaram e começaram a dançar. Dançavam como se estivessem em um ritual, uma espécie de transe. Então ela o puxou para a dança e eles dançaram por um tempo extremamente longo naquele clima de verão.
Cansou-se, voltou para a mesa, pediu vinho ao garçom e ficou observando a mulher de vestido dançar com seus amigos. Quando o vinho chegou o garçom sorriu e disse que há muito não via um animo como o daquela noite, o rapaz sorriu e ficou bebendo vinho e observando a dança. Mesmo depois de acabar o vinho a dança continuava e ele decidiu que não iria acabar tão cedo e que seria melhor ir dormir.
Ao chegar ao corredor olhou as portas, que pareciam sussurrar. Entrou no quarto, deitou e dormiu. Mas no meio da noite foi acordado pelos sussurros das portas que pareciam estar em sua cama. E as vozes diziam: "Bem-vindo ao Hotel Califórnia, que lugar encantador, que rosto encantador. Nós estamos vivendo no Hotel Califórnia, que surpresa agradável, tragam seus álibis."
Ele suava frio na cama. Decidiu ir embora daquele hotel. Pegou suas coisas e no meio do corredor encontrou a mulher de vestido. Ela disse que ia chamá-lo para jantar. Eles foram. Ela subiu as escadas com ele sempre a seguindo. Pararam em frente a uma grande porta dupla. Ela bateu na porta, que se abriu sozinha.
Entraram.
Era um salão majestoso. Espelhos no teto, uma mesa de jantar imensa, baldes de champagne, lustres gigantes no teto. Olhou em volta e viu que estavam todos lá, os jovens,o garçom e mais outras pessoas que ele não conhecia. A moça então apontou que se sentasse na cadeira da ponta. Ele se sentou e ela a seu lado. Ela olhou-o nos olhos e disse que todos ali eram prisioneiros por conta própria.
Ele não entendeu o que ela quis dizer e antes que ele perguntasse o que aquilo significava, ela abriu um sorriso e disse que bebesse o champagne. Estava bebendo quando o garçom e o cozinheiro apareceram carregando um grande pano embrulhando algo que foi colocado no centro da mesa.
Quando o pano foi retirado ele viu um demônio. Não tinha outra explicação ou outro ser que pudesse ser. Os olhos estavam revirados e focados nele. Como se fosse normal as pessoas começaram a cortá-lo e este começou a se contorcer e urrar. Sangue escorria pela mesa, pelos cortes feitos em sua carne e pela boca dos hóspedes. Foi quando ele percebeu que o demônio apesar de deformado deveria ter sido um humano no passado. Percebeu que o próximo a estar sendo devorado vivo enquanto os outros riam poderia ser ele. Levantou-se correndo e foi até a porta. Os outros começaram a rir, inclusive a mulher. Tentou abrir a porta mas não conseguiu e então o demônio pulou em cima do homem que desviou e correu. Correu ao redor da mesa com o demônio o perseguindo com um olhar que vinha das profundezas do inferno. Todos na mesa riam e aplaudiam. Então ele percebeu que a porta abrira-se. Correu em sua direção e fechou-a atrás de si. Desceu as escadas pulando vários degraus e à medida que passava pelas portas do corredor elas gritavam: "Bem-Vindo ao Hotel Califórnia".
Quando chegou à recepção a porta da frente estava trancada. Jogou-se contra ela, mas esta não abriu. Foi quando escutou uma voz atrás de si dizendo: "Relaxe". Olhou e viu um senhor atrás do balcão da recepção. Então o senhor disse: "Nós aqui no Hotel Califórnia estamos preparados para hospedar todos e você pode fazer o checkout quantas vezes quiser." O senhor abriu um sorriso e disse "Mas você nunca poderá sair". E então tudo foi escuridão.

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