E o vento trouxe um som doce até os campos onde uma bela dama trabalhava. Ela parou para ouvir. Era um som doce que combinado com o vento resultavam na mais perfeita harmonia. E ela rodopiava pelos campos, como que hipnotizada pela música, e seu vestido a acompanhava com círculos perfeitos,. Ela não queria que a música acabasse. Era a música mais perfeita que já ouvira. Precisava descobrir a fonte de tão misteriosa e harmoniosa melodia. Caminhou até a beira da floresta. Fechou os olhos e escutou a música chamando-a, mas ela não podia acompanhá-la até a floresta. E então a música pegou sua alma pela mão e a levou para dentro da floresta. Ela não tinha mais medo agora. A cada passo que dava a melodia se tornava mais doce e tudo ao seu redor ia sumindo. Ela tinha tanta confiança na música que fechou os olhos e caminhou guiada pelo espírito. Quando a razão começou a querer dominar a emoção e dizer que ela já tinha ido longe demais, ela alcançou uma clareira. No centro dessa clareira havia uma flautista. Ela sentou-se numa pedra para se deliciar com a música. O flautista não tinha notado sua presença (ou não quis notar) e ele rodopiava, saltava, se contorcia, amava sua música. A música enchia toda a floresta com luz, esperança, alegria. A moça não conseguia acreditar que um ser humano pudesse tocar algo tão profundo e doce. Cada parte do seu corpo estava paralisada. Ela não se atrevia a mexer para não provocar ruído nenhum que pudesse destruir algo tão belo. Até a sua respiração ela decidiu parar por uns tempos. E então o flautista parou. E a escuridão tornou a dominar a floresta. A paz de espírito já não reinava mais na dama. E o medo passou a dominá-la novamente. O flautista então foi embora e ela ficou na escuridão da floresta.
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